Serra da Atalhada
08 Abril 2011
Através de uma iniciativa do "Portugal Tradicional", desta feita o destino apontou-se à Serra da Atalhada.
A Serra da Atalhada pertence à freguesia de Miro, concelho de Penacova.
Aqui existe um complexo turístico, composto por 23 moinhos de vento, um bar e um restaurante.
A data de construção destes moinhos é desconhecida. No entanto, num deles é possível ver gravada a data de 13-8-1870
Sexta Feira
A hora agendada para o encontro com os companheiros, na Serra da Atalhada estava marcado para as 18 horas.
Como tinha tirado a sexta feira de folga, logo bem cedo, pelo fresco da manhã, prepara-se uma mochila com algumas roupas e é hora de dar à chave na Autocabana. A ideia era explorar alguns recantos antes do encontro e assim aproveitar o dia.
Rota marcada por estradas nacionais, segui directo até Coimbra, e daí pela IP3 no sentido de Penacova.
Já perto de Penacova, rumei por estradas secundárias atravessando diversas vilas e aldeias, numa das quais
com paragem num mercado local para abastecimento de alguns alimentos para o fim de semana. Frigorífico abastecido, segui caminho por mais uns km's até encontrar a praia fluvial do Vimieiro. Aqui decidi fazer nova paragem e apreciar a natureza.
Sendo um dia de semana, a praia encontrava-se deserta, à excepção do funcionário do bar local,
onde pude saciar a sede com uma água bem fresca, na explanada.
Ao som do chilrear dos pássaros, desligado do mundo por breves instantes, contemplava o calmo
correr das águas do rio Alva sobre um dique.
Daqui, a água era encaminhada a um moinho.
Aproximada a hora de inicio de chegada ao encontro, despeço-me daquele momento de contacto com a natureza e rumo até às coordenadas fornecidas. Um subida íngreme anunciava a chegada ao local, onde estrategicamente, décadas antes foram construídos os moinhos. Quase a totalidade deles reconstruídos, mantendo o traço original. Uns convertidos em habitações, outros mantendo a sua original função de moagem de cereais.
Pouco faltava para as 6h da tarde. O vento meio envergonhado permitia ao calor fazer-se notar com alguma intensidade.
As sombras escasseavam, e optei por parar onde viria a ter sombra pela manhã.
Ainda poucas autocaravanas tinham chegado . Saí para uma volta de reconhecimento, e familiarizar-me com o local.
Os monstros de D.Quixote
Manhã de sábado
A excelente organização do evento dividiu os participantes em dois grupos. Uns iriam acompanhar o percurso da farinha, desde o amassar à cozedura em forno a lenha.
Os outros participariam numa visita guiada ao local. Seguidamente invertiam-se os grupos.
Comecei por uma visita guiada ao local, onde nos foi explicado detalhadamente o funcionamento dos moinhos.
Foram armadas e esticadas as velas de um dos exemplares que mantém ainda a sua original função de moagem de cereais.
Apesar do vento não se fazer notar com uma intensidade e regularidade suficiente para um perfeito funcionamento do moínho, pudemos ver por alguns instantes todos os detalhes de uma tecnologia com séculos de existência, e que ainda hoje é utilizada.
Hora do almoço
O almoço foi servido com sopa, sardinhas, febras, pão e vinho da região num alegre e bem disposto convívio.
O pão, ao qual se pode chamar verdadeiramente pão, chegava-nos através de uma sorridente e simpática senhora.
Sábado tarde
Após o almoço, fomos presenteados pelo grupo de escoteiros Nº239 de Miro - Penacova com a abertura do campo de escuteiros instalado durante o evento.
Domingo guiaram-nos por uma caminhada até Livraria do Mondego
Entretanto era altura de outro grupo ir assistir ao amassar da farinha e do cozer do pão. Como tudo isto foi feito em casas particulares, o grupo foi subdividido em três. No que toca ao grupo onde estava inserido, posso testemunhar que fomos recebidos com grande simpatia e hospitalidade pela anfitriã da casa.
Sempre acompanhado com explicações por quem tem anos de prática nestas lides, a massa ia ganhando forma.
Um sentimento nostálgico percorreu a minha memória, ao lembrar-me de quantas vezes tinha assistido,
na minha tenra juventude, a este processo quando passava as férias escolares em casa de familiares no Norte.
O passo seguinte: repousar a massa para esta levedar.
Foram aproximadamente 2 horas e meia de conversa entre nós (grupo) e habitantes locais que entretanto chegavam e partiam. A complementar a hospitalidade, foram-nos oferecidas bebidas, também estas caseiras. Um licor de algo que não me recordo (talvez por não apreciar licores) e uma aguardente, devidamente "camufladas" em garrafas de conhecidas marcas.
A boa disposição sempre presente:
O forno ia sendo aquecido, como quem aguarda pelo resultado já bem familiar do trabalho de umas mãos experientes.
A massa ia ganhando forma de pão:
O resultado não podia ser melhor, e comprovado logo no momento. Mais uma vez a hospitalidade fez-se notar e foram-nos oferecidos alguns enchidos regionais e vinho para acompanhar com o pão acabadinho de cozer.
Domingo
Pela manhã, guiados pelo grupos de escoteiros de Miro - Penacova, rumamos serra fora. Algumas paragens serviam para explicações sobre o local, e também para que quem se sentisse cansado fosse acompanhado de regresso por um ou dois escoteiros.
Os mais resistentes chegaram ao fim e puderam contemplar a vista sobre Livraria do Mondego.
E como tudo o que é bom sabe a pouco, após o almoço estava na hora de ir regressando a casa. Vindo pela estrada nacional junto do rio Mondego, uma paragem para manutenção na AS de Penacova, e dava por concluído um excelente fim de semana por mais um recanto de Portugal por descobrir.
Um Portugal que vale a pena conhecer.
Os meus agradecimentos a todos os que tornaram possível esta inesquecível experiência.
Parabéns pela foto-reportagem! O Grupo 239 de Miro-Penacova deseja-lhe boas viagens pelo nosso Portugal ;)
ResponderEliminarUma excelente descrição complementada por bonitas fotografias. Boas Viagens. Saudações autocaravanistas.
ResponderEliminarMaria Melo
Quero agradecer a excelente reportagem, e a simpatia demonstrada por todos os autocaravanistas presentes. Boas viagens e não se esqueçam de voltar à serra da Atalhada
ResponderEliminarA descrição é tão real, que vivi o vosso passeio, como se na realidade o tivesse feito na vossa companhia obrigada Carlos e boas viagens.
ResponderEliminarUm abraço da Ildocas