terça-feira, 29 de março de 2011

Dornes e Sertã - Parte II

Sábado, pelo fim da tarde, dei por concluída a visita a Dornes. Próximo destino Sertã.

Mais uma vez, e graças à excelente informação na base de dados do CampingCar Portugal coloquei no TomTom o local de pernoita na Sertã. A viagem era curta, a estrada bastante razoável.


Chegado a um enorme largo de terra batida,  procurei uma zona iluminada onde conferisse mais segurança. Optei por estacionar próximo do tribunal. Saí e dei uma volta de reconhecimento para confirmar que nenhum sinal me proibiria de ali estar e volto para a AC tratar do jantar.
Era já tarde, e a visita a Sertã ficaria para o dia seguinte, Domingo.

Estava já deitado, dedicado a leitura, eis que começo a ouvir um barulho do lado de fora. Entre barulho de ferros a baterem, distinguiam-se as vozes de duas pessoas. Pensei tratar-se de algum autocaravanista que tivesse chegado, mas o barulho não coincidia com o pensamento.
Espreitei pela janela e vi o que me parecia ser uma carrinha/bar, a montar um avançado/esplanada. Um debate entre o meu tico e o meu teco, levou-me a pensar que se me mantivesse ali, corria o sério risco de acordar novamente no meio de uma feira.
Nada que não tivesse já acontecido, há uns  anos numa longa viagem de carro onde, após uma busca infrutífera por alojamento acabei por dormir na viatura (abençoada autocaravana). Ainda mal o sol tinha nascido, acordei rodeado pelo que me pareceu uma feira. Se abrisse a porta do condutor poderia escolher meias, e pela porta do pendura tinha acesso a velharias. Velharias essas que o meu estado sonâmbulo e incrédulo não me deixaram perceber do que se tratava, e a minha preocupação era outra. Como sair dali com o carro... 
 Entre toldos e lonas estendidas no chão lá tracei a minha fuga.
  Como estamos sempre a aprender, e essa primeira experiência serviu-me de lição, comecei a puxar pela memória se tinha visto vestígios que indicassem que alguma vez ali houvesse feira. Não havia marcas no chão de ferros espetados, não havia demarcação de lugares nem qualquer restrição de dias de estacionamento.
Resolvi sair e questionar o senhor que se empenhava a montar a sua esplanada móvel e a preparar a sua carrinha/bar, o que ia ali acontecer.
De uma extrema simpatia  explicou-me que se preparava para receber os jovens que iam sair da discoteca por volta das 2h/3h da manhã. Deduzi eu, que iam ensopar o álcool, e provavelmente os ânimos viriam de acordo com o seu estado etílico.
Entre os dois dedos de conversa com o sr, estava eu a olhar para umas marcas no pavimento de terra batida, e a interrogar-me se teria perdido alguma prova de gincana automobilística. Percebendo a minha interrogação, explicou-me que esses mesmos jovens também costumavam ir para ali fazer piões com os carros. 
Como estava pouco interessado em assistir em primeira fila à queima das octanas alcoólicas por parte dos "Tonis dos bonés ao contrário" ao volante dos seus pseudo-bólides, decidi mudar de poiso, ao que  me foi aconselhado a ir para o extremo oposto do parque, do outro lado da estrada, o que acabei por fazer.
Num desfecho de conversa, e quase como um pedido de desculpas , acrescentou que Sertã recebe muito bem os seus visitantes e que não levasse como exemplo o comportamento menos cívico dos jovens."São jovens..." 
Portanto aqui fica a dica a quem pernoitar na Sertã: pernoitar junto das casas de banho publicas. Pelo menos aí tive uma noite tranquila. Evitem apenas estacionar muito perto de outros carros, caso estes apresentem os vidros demasiado embaciados. Quando jovem, não fazia exibições artísticas automobilísticas, mas também não gostava muito de ser incomodado em certas ocasiões :)

Local de pernoita

Domingo de manhã. 
Após um belo banho e um bom pequeno almoço é hora de visitar Sertã. À saída da AC reparei que existia uma mangueira no exterior das casas de banho. Tomei a liberdade de encher uns garrafões  para repor nos tanques de águas limpas.

Sertã, uma pacata Vila, onde impera o bom gosto pela preservação do património, e das condições urbanísticas. Banhada por duas ribeiras oferece-nos cenários encantadores, como podem ser observados pelos registos fotográficos.

Começamos por ser contemplados com esta bonita ponte romana em perfeito estado de conservação.
Ponte Romana
 Um pouco mais à frente, uma ponte moderna, e esta pedonal. Numa opinião pessoal, num perfeito encaixe paisagístico.
Ponte pedonal
Assim como uma ponte rodoviária com a sua beleza.
Ponte Rodoviária
No local da principal praça da Sertã (?), vedado ao trânsito automóvel afim de proteger as crianças que brincam num parque infantil, podemos encontrar um lagar de vara e um forno comunitário, num estado de conservação irrepreensível.. Este último apresenta sinais de utilização, e bem  me candidatava a algo que  dali saísse cozinhado.

Forno Comunitário

Lagar de vara

Ao longo das ruas da Sertã, vamos sendo contemplados com um misto de história e civilização moderna.
Sertã


Após um dia bem passado pela Sertã, embora tivesse sabido a pouco, iam sendo horas de regresso.
Ainda encantado com as paisagens com tinha sido contemplado perto de Dornes, fiz o regresso por estradas secundárias, junto às águas da barragem do castelo do Bode.
Ao chegar a uma localidade perto de Ferreira do Zêzere, Maxial, o asfalto  deu subitamente lugar a uma estrada de terra batida. A inclinação era suficientemente dissuasora para seguir com a AC. Encostei e segui a pé por uns kms até chegar a mais umas maravilhosas vistas. Ao longe avistava-se a ponte que, mais tarde confirmei, dava acesso a a Vila de Rei.
Ponte

O apetite a um mergulho aguçava-se em miragens como estas
Lago Azul

Era chegada a hora do regresso a casa.
Comigo trouxe as recordações e a vontade de voltar...

Para um próximo post ficará a descrição de  um local mais próximo de casa, com os seus encantos.





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